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Para se avaliar o impacto econômico das inundações no Rio Grande do Sul, é preciso olhar para o exterior para se achar algo semelhante — como no caso da destruição provocada pelo furacão Katrina nos Estados Unidos em 2005. No Brasil, nunca houve tanto estrago econômico provocado por um evento climático. A avaliação é do economista Sergio Vale, da MB Associados, consultoria que está monitorando os impactos das enchentes de maio na economia. Nos Estados Unidos, o Katrina fez o Estado da Louisiana contrair 1,5% — em um ano em que se esperava que crescesse 4%. No caso do Rio Grande do Sul, a MB Associados prevê que a economia vai se contrair 2% — em vez do crescimento de 3,5% que vinha registrando nos últimos 12 meses até abril. E no caso brasileiro, o impacto em âmbito nacional será muito maior do que aconteceu no efeito do Katrina nos Estados Unidos — já que a economia gaúcha corresponde a 6,5% do PIB brasileiro (a Louisiana representa 1% da economia americana).

Por conta da tragédia, a MB Associados não pretende revisar o crescimento brasileiro. A consultoria acreditava que o crescimento brasileiro projetado para este ano podia ser de 2,5% — mas após a tragédia no Rio Grande do Sul ela manteve a projeção de crescimento em 2%. O Brasil já enfrentou outras grandes crises que afetaram o crescimento da economia nacional. Em 2001, por exemplo, uma seca contribuiu para uma crise de racionamento de energia e apagões. A economia nacional, que havia crescido 4,4% no ano anterior, desacelerou para 1,4%. Mas apesar da contribuição da seca, o cerne da crise de 2001 não foi o clima, mas sim gargalos nas linhas de transmissão — que impediam o Brasil de distribuir energia pelo país.

A tragédia no Rio Grande do Sul deste ano — que já provocou pelo menos 151 mortes — terá impacto em pelo menos três frentes da economia brasileira: no crescimento do PIB deste ano, no setor agrícola e na questão fiscal brasileira. Economistas e estudos consultados para esta reportagem lembram que a dimensão exata do impacto econômico ainda não pode ser quantificada com precisão, porque as chuvas ainda estão em andamento e sequer foi feito um levantamento preciso do estrago ainda. Essa indefinição também tem implicações políticas. Autoridades têm falado em diferentes medidas e valores para destinar ao Rio Grande do Sul — mas essa ajuda ainda está sendo discutida e os números estão em aberto. Confira abaixo como as inundações devem afetar a economia brasileira em 2024.

Impacto no crescimento e na indústria

As enchentes afetaram 94,3% de toda atividade econômica do Rio Grande do Sul, segundo um levantamento divulgado na segunda-feira (14/5) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). "Os locais mais atingidos incluem os principais polos industriais do Rio Grande do Sul, impactando segmentos significativos para a economia do Estado", disse o presidente em exercício da Fiergs, Arildo Bennech Oliveira. Três das maiores regiões afetadas (Região Metropolitana de Porto Alegre, Vale dos Sinos e Serra) contribuem com R$ 220 bilhões para a atividade econômica brasileira. Essas três regiões concentram 23,7 mil indústrias que empregam 433 mil pessoas. A Região da Serra (de cidades como Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha) é famosa pela produção nos segmentos metalmecânico (veículos, máquinas, produtos de metal) e móveis. A Região Metropolitana de Porto Alegre também produz metalmecânicos (veículos, autopeças, máquinas), além de derivados de petróleo e alimentos. A Região do Vale dos Sinos é famosa pela produção de calçados.

Mas diversos outros setores da economia também foram afetados, como tabaco e químicos. Um estudo feito pelo Bradesco prevê que o impacto da crise no Rio Grande do Sul pode reduzir o crescimento do PIB nacional em 0,2 a 0,3 ponto percentual. "A título de comparação, quando o Estado foi atingido pelo ciclone de 2008, o crescimento do PIB estadual daquele ano foi de 2,9%, ante crescimento do Brasil como um todo de 5,1%." Um outro levantamento — da Confederação Nacional dos Municípios — calcula em mais de R$ 8,9 bilhões os prejuízos financeiros das enchentes. Segundo a CMN, R$ 2,4 bilhões desse prejuízo são no setor público, R$ 1,9 bilhão no setor produtivo privado e R$ 4,6 bilhões especificamente nas habitações destruídas.

Impacto agrícola

O Rio Grande do Sul é uma das potências do agro brasileiro — o Estado representa 12,6% do PIB da agricultura nacional. Como um todo, a agropecuária brasileira será um dos setores da economia mais afetados pelas enchentes, segundo o Bradesco. "Considerando tais impactos, o PIB agropecuário no Brasil pode recuar 3,5% (nossa estimativa anterior era de queda de 3,0%). As perdas no agronegócio podem ser ampliadas pela logística, que afeta tanto o escoamento da safra bem como impede a chegada de insumos. Esse parece ser um problema importante para os setores de laticínios e carnes", afirma um relatório do banco. O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção do arroz do Brasil, 15% de carnes (12% da produção de frangos e 17% da produção de súinos) 15% da soja, 4% de milho. As enchentes provocaram choques em alguns preços internacionais — a cotação mundial da soja na bolsa de Chicago chegou a subir 2% na semana passada. No Brasil, o preço do arroz já subiu e o governo anunciou a importação do produto para evitar um choque ainda maior. Há temores de que os preços de carne de frango e suína também possam subir em breve.

Por sorte, 70% da safra de soja e 80% da safra do arroz já haviam sido colhidos. Sobram duas dúvidas agora: quanto do restante da safra foi afetado pelas enchentes e se a quantidade já colhida e armazenada nos silos foi comprometida ou não. O Bradesco avalia que 7,5% da produção de arroz e 2,2% da produção de soja do Brasil podem estar comprometidos, caso se confirmem os piores cenários. Vale, da MB Associados, lembra que o agro gaúcho já vinha sofrendo muito nos últimos três anos com os extremos climáticos. "No Rio Grande do Sul, a questão agrícola nos últimos anos tem colocado o Estado no grau de muita insegurança. Foram três anos seguidos de La Niña, com secas muito profundas, e quebras de safra muito fortes. No ano passado, o Estado estava até comemorando a chegada do El Niño, que traria chuvas. Mas quando se pensou que teríamos um ano normal, de repente acontece isso", diz o economista. Ainda existe a possibilidade de um novo fenômeno La Niña este ano, com potencial para provocar novas secas no Rio Grande do Sul.

Impacto fiscal

Outro impacto importante da calamidade do Rio Grande do Sul na economia nacional é na questão fiscal brasileira. Há anos o Brasil vem tentando equilibrar sua situação fiscal — ou seja — o governo faz um esforço para conseguir arrecadar mais dinheiro do que gasta, produzindo o que se chama de superávit fiscal. Esse superávit fiscal é usado para reduzir o endividamento público do governo, que é um elemento fundamental da economia de qualquer país. Alto endividamento tem potencial para produzir inflação alta, baixo crescimento econômico e desemprego. No ano passado, o governo Lula lançou o que chamou de "arcabouço fiscal" — o conjunto de regras para gastar os recursos públicos e fazer investimentos. Esse arcabouço foi fundamental para acalmar os mercados e sinalizar que o Brasil não gastaria dinheiro desenfreadamente.

Mas no mês passado, diante de problemas no orçamento, o governo desistiu de atingir superávits em 2025. Economistas apontam que o Brasil já vivia um momento fiscal delicado antes das enchentes no Rio Grande do Sul. No entanto, o quadro se agrava bastante agora que o governo federal terá que fornecer uma grande ajuda financeira ao Estado. Todos defendem uma ajuda financeira grande ao Rio Grande do Sul, mas analisam que haverá um grande impacto nas contas nacionais. Já foi anunciado, por exemplo, um plano a ser enviado ao Congresso para suspender a cobrança da dívida do Estado do Rio Grande do Sul com a União por três anos. A regra permitiria a criação de um fundo "contábil" de R$ 11 bilhões por ano para ajudar na reconstrução da infraestrutura do Estado que foi devastada pelas enchentes, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A medida também inclui o perdão da cobrança de juros sobre a dívida — com impacto de R$ 12 bilhões.

O governo federal já havia anunciado na semana passada um pacote de medidas que pode chegar a R$ 51 bilhões, que incluía pagamentos antecipados de benefícios como Bolsa Família, auxílio-gás, BPC, abono salarial e restituição do Imposto de Renda, além de algumas renúncias fiscais. Na quarta-feira, o governo federal anunciou um auxílio-reconstrução no valor de R$ 5 mil por família cadastrada, que custará R$ 1,2 bilhão aos cofres. Alguns dos gastos públicos ficarão de fora das regras fiscais do governo, por conta de o Rio Grande do Sul estar em estado de calamidade.

Todas essas medidas são fundamentais para reerguer o Rio Grande do Sul — mas elas têm potencial para agravar a situação fiscal brasileira que já vinha sofrendo antes da crise provocada pelo evento climático. Sergio Vale, da MB Associados, alerta que ao longo do ano é possível que mais dinheiro seja encaminhado ao Rio Grande do Sul através de créditos extraordinários aprovados pelo Congresso — e que isso deve piorar o equilíbrio fiscal brasileiro. Ele diz que é difícil quantificar exatamente qual será o tamanho do problema fiscal brasileiro, porque ainda não se sabe quanto dinheiro será necessário para reconstrução do Rio Grande do Sul. "Não está muito claro exatamente o que o governo vai disponibilizar.

O cenário fiscal [do Brasil] já está muito distorcido. Então qualquer coisa que acontece piora ainda mais", diz Vale. Para Caio Megale, economista-chefe da XP, parte da ajuda estará fora do arcabouço fiscal do governo — mas mesmo que seja necessário incluir essas despesas no orçamento, seria possível acomodar os gastos. "Ninguém sabe direito qual que vai ser o tamanho total do apoio. A gente ouve falar em R$ 70 bi, R$ 80 bi, R$ 90 bi ou R$ 100 bi. Não dá para saber ainda, é preciso esperar as águas baixarem. Mas o arcabouço fiscal tem espaço para que essas medidas sejam tomadas", disse Megale em um morning call (serviço diário de corretoras para seus clientes) desta semana.

FONTE: BBC

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Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira (14), o Banco Central (BC) afirmou que, em relação à decisão de redução da Selic de 10,75% para 10,50%, os diretores se dividiram entre um eventual custo reputacional de não seguir um “guidance”, mesmo que condicional, e o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas. “Consideraram, para tanto, que o cenário esperado não se confirmou em função da desancoragem adicional das expectativas, da elevação das projeções de inflação, do cenário internacional mais adverso e da atividade econômica mais dinâmica do que esperado”, pontuaram os membros do Copom no documento.

Assim, para tais membros, o forward guidance indicado na reunião anterior sempre foi condicional e houve alteração no cenário em relação ao que se esperava, ressaltando que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance – mesmo que condicional – é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas. “À luz do que foi analisado, tais membros consideraram que uma redução de 0,25 ponto percentual era mais apropriada para o atingimento da inflação na meta no horizonte relevante”, escreveu a equipe. A decisão tomada na semana passada – que não foi unânime – surpreendeu o mercado. Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual: Ailton de Aquino dos Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Pichetti e Rodrigo Alves Teixeira. O Boletim Focus desta semana trouxe estimativas que apontavam para uma Selic a 9,75% no final do ano, ante 9,63% divulgado antes da decisão do Copom.

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Além das inestimáveis perdas humanas, o desastre no Rio Grande do Sul (RS) também deve causar fortes prejuízos econômicos. Os danos causados ​​à agricultura e pecuária pelas chuvas no RS já ultrapassam R$ 594,6 milhões, de acordo com informações parciais reunidas pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). Segundo o Bradesco, o potencial impacto da tragédia sobre o PIB brasileiro é da ordem de 0,2 a 0,3 ponto percentual. A estimativa leva em conta o peso do Rio Grande do Sul na economia brasileira. “A agropecuária será uma das atividades mais impactadas pelo evento. O setor responde por 15% do PIB estadual, o que representa 12,6% do PIB agropecuário brasileiro. Arroz, soja, trigo e carnes são os principais produtos produzidos”, aponta o Bradesco. 

Atualmente, o estado está em período de colheita de verão, sendo que cerca de 70% da soja e 80% do arroz já foram colhidos. Além disso, o RS é responsável por aproximadamente 11% e 17% da produção nacional de frango e suínos, respectivamente. “O tamanho do impacto também deve ser determinado pela natureza da produção de cada commodity. Proteínas são produzidas continuamente ao longo do ano, o que significa que a produção total deve se normalizar assim que as restrições forem resolvidas. Isso provavelmente causaria um impacto nos preços menor do que no caso dos grãos, concentrando-se no curto prazo, que tem produção sazonal”, explica o BTG. 

Neste contexto, importantes empresas como a BRF (BRFS3) e a Seara, empresa da JBS (JBSS3), têm plantas no estado. “Dado que elas operam cadeias de produção longas, vivas e integradas, a preservação de seus ativos biológicos nos parece ser o principal ponto de preocupação”, afirma o BTG. Segundo os analistas, é provável que os impactos nos suprimentos de proteínas no RS sejam parcialmente compensados por preços – com a diversificação geográfica das empresas em outros estados e no exterior também podendo mitigá-los. Quanto à Camil (CAML3), o arroz é a commodity em que os impactos nos preços podem durar mais tempo. O RS responde por aproximadamente 70% do suprimento brasileiro de arroz, com uma produção esperada de 7,5 milhões de toneladas para a safra 2023/24. De acordo com o BTG, as restrições logísticas e a capacidade de exportar produtos para outros estados e evitar desabastecimentos seriam pontos a se observar. Por sua vez, a a 3tentos (TTEN3) divulgou um comunicado ao mercado destacando que suas duas unidades industriais no estado, que representam cerca de 60% de sua capacidade de esmagamento de soja no RS prevista para 2024, estão operando normalmente.

Chuvas no RS: impactos sobre os preços de alimentos podem ser relevantes, diz Bradesco

O desabastecimento de produtos na região tende a gerar um choque de preços local. A capital gaúcha tem peso de 8,6% no IPCA nacional. “Resgatando o que ocorreu com os preços com o desabastecimento causado pela greve dos caminhoneiros de 2018, houve alta significativa, mas temporária, dos preços de alimentos e combustíveis. Os preços mais afetados foram os da gasolina, hortifruti e leite”, relembra o Bradesco. Segundo o banco, se Porto Alegre experimentar um evento parecido, o impacto na inflação da cidade poderia chegar a 0,7 p.p, e o efeito sobre o IPCA nacional seria da ordem de 0,06 p.p., que provavelmente será revertido nos meses seguintes. No entanto, vale ressaltar que a natureza do choque causado pela enchente é diferente, ao afetar oferta e demanda, o que pode limitar a pressão sobre os preços

A principal preocupação neste momento é com o arroz, dada a representatividade do estado na produção nacional e a importância do produto na cesta brasileira. “Uma referência para pensar nos possíveis impactos em preços do cereal é o ciclone subtropical que atingiu o Rio Grande do Sul em maio de 2008. Naquele momento, os preços subiram cerca de 40% no atacado e 20% no IPCA em um mês”, diz o Bradesco. Há também preocupação com os preços da soja. Já houve queda da produção do grão neste ano no Brasil e possíveis perdas no Rio Grande do Sul resultariam em uma menor oferta no mercado doméstico. “Assim, em um primeiro momento, parece razoável considerar um impacto potencial de 0,2 p.p. na inflação deste ano, estimativa que considera uma alta de 5% da cotação da soja e um choque próximo de 20% do arroz no atacado”, comenta o Bradesco.

Ambev e mais empresas se solidarizam e fazem doações para o RS

Diversas empresas se mobilizaram nos últimos dias para enviar remédios, ajuda financeira e realizar doações para o Rio Grande do Sul e os atingidos pelo desastre natural que atinge a região. A Azul (AZUL4) anunciou a criação de um fundo em parceria com o banco Itaú (ITUB4) para operações humanitárias no estado, recebendo doações de todo o Brasil e realizando transporte de donativos e voos extras. O Instituto GOL (GOLL4), junto com a CUFA, realiza campanha de arrecadação e envio de mantimentos. O Banco do Brasil (BBAS3) doou R$ 400 mil e flexibilizou tarifas em diversos produtos, enquanto o Bradesco (BBDC4) oferece condições especiais de renegociação e suspensão de cobranças para clientes afetados. O Santander (SANB11)anunciou medidas emergenciais para clientes nas áreas afetadas e criou um fundo de ajuda humanitária. A Cimed doou R$ 1 milhão em medicamentos e reduziu preços para farmácias atingidas. A Magazine Luiza (MGLU3) doou 1.840 colchões e deu apoio a funcionários desabrigados. Já e Ambipar enviou recursos e profissionais especializados em gestão de crises para auxiliar nas ações de resgate às vítimas das inundações causadas pelas chuvas no RS.

FONTE: SUNO NOTÍCIAS

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